Tocantins

Enquanto houver racismo, não haverá democracia!

Precisamos inaugurar uma era de efetiva democracia, participação real de todos os povos acerca da cultura, da economia e da política

ícone relógio10/11/2023 às 02:00:00- atualizado em  
Enquanto houver racismo, não haverá democracia!

Por Naiara Mascarenhas

Há uma desigualdade racial latente na política institucional brasileira: a maioria dos presidentes de partidos, seja de esquerda ou direita, são brancos.
A maioria dos políticos com mandatos no poder legislativo e executivo também são homens e brancos.

Tal cenário, aponta para uma grave deficiência de nossa já frágil democracia.

Por essa razão, o movimento negro tem alertado que “enquanto houver racismo não haverá democracia”. 

A história do Brasil é marcada por sucessivas violências cometidas contra pessoas negras e indígenas.

A história da república, fundada um ano após a abolição(1889) expressa a reatualização do poder escravagista mascarado de poder liberal capitalista.

Os ex donos de escravizados se rearticularam para manterem seus privilégios intactos e impedir a mobilidade social de pessoas negras.

Houve uma barragem social, como alerta Clóvis Moura, tanto na dimensão econômica quanto política, para que permanecesse a hierarquia racial mesmo após a extinção da escravidão. 

A crise política instalada hoje em nosso país e a falta de confiança da população nas instituições, decorre, em grande medida, da falta de representação da maioria do povo nos espaços de poder.

Há no cotidiano dos grupos mais empobrecidos a ideia de que governos e as instituições não são justos, atuam visando atender os interesses dos mais poderosos.

É bem verdade que essa situação acontece desde a invasão colonial, quando a esfera política era ocupada por donos de terra que participavam da política apenas para utilizar a estrutura do poder público ao seu benefício. 
Por isso, precisamos construir uma verdadeira revolução antirracista, antimachista e anticapitalista em nosso país e no mundo.

Precisamos inaugurar uma era de efetiva democracia, participação real de todos os povos acerca da cultura, da economia e da política.

A liberdade que queremos e precisamos construir será inspirada nas lutas de nossos antepassados e também no acúmulo de forças que nossa juventude negra tem conquistado, e faz parte dessa construção a participação efetiva do povo negro e indígena na política institucional, para garantirmos que os interesses do povo brasileiro sejam defendidos de verdade.